quinta-feira, 27 de julho de 2017

O terceiro segredo de Fátima e as perseguições à Igreja

Pe. Claudiomar Silva Souza
Professor de Filosofia no Seminário da Imaculada Conceição

Exatamente no dia 13 de maio, festa de Nossa Senhora de Fátima, de 1981, após a Audiência Geral, S. João Paulo II caía ensanguentado no papamóvel, vítima de dois disparos do extremista turco Ali Agca. Depois deste atentado, ele resolveu ler o célebre Terceiro Segredo de Fátima.
Quase vinte anos depois, por ocasião do Grande Jubileu do ano 2000, S. João Paulo II surpreende o mundo com a revelação do texto, escrito pela Ir. Lúcia:
“E vimos... um Bispo vestido de Branco; tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vários outros Bispos Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos...; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns trás outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições...[1]”.

Ao anunciar a publicação do Segredo, após a Missa de Beatificação dos Pastorinhos em Fátima em 13 de maio de 2000, o Cardeal Angelo Sodano leu, em nome do Santo Padre, a seguinte explicação:
A visão de Fátima refere-se sobretudo à luta dos sistemas ateus contra a Igreja e os cristãos e descreve o sofrimento imane das testemunhas da fé do último século do segundo milênio. É uma Via Sacra sem fim, guiada pelos Papas do século vinte... Depois do atentado de 13 de Maio de 1981, pareceu claramente a Sua Santidade que foi « uma mão materna a guiar a trajetória da bala », permitindo que o « Papa agonizante » se detivesse « no limiar da morte »[2]”.

            Foi na Aparição de 13 de julho de 1917 que Nossa Senhora tinha revelado os três segredos da sua Mensagem. Ao transmitir o segundo Segredo, Ela fez um apelo:
“Para a impedir [a guerra] virei pedir a consagração da Rússia a meu Imaculado Coração... Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará[3]”.

O Comunismo como sistema político caiu, mas sua inspiração, o Marxismo, continua espalhando seus erros pelo mundo. O Marxismo é um sistema filosófico materialista, que afirma como real somente o trabalho como atividade concreta do homem. Do trabalho surge a estrutura econômica, a realidade social que determina a consciência humana, moldando assim a história. Todo o resto para Karl Marx: política, moral, religião, etc., são superestruturas criadas para justificar a estrutura econômica do momento[4].
Partindo da dialética hegeliana como explicação do progresso social, ao Capitalismo atualmente reinante, Marx vê que, num processo de evolução histórica, deve seguir-se o Comunismo, que trará consigo o fim de todas as superestruturas políticas, morais e religiosas que o justificam:
“A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião... A religião é... o ópio do povo. A verdadeira felicidade do povo implica que a religião seja suprimida, enquanto felicidade ilusória do povo[5].”

Este projeto marxista se apresenta a nós agora com um novo nome: a Nova Ordem Mundial. Trata-se de um movimento bem organizado e financiado por organizações internacionais que, através do globalismo e do multiculturalismo, quer implantar uma espécie de governo mundial supranacional e totalitário.
Segundo Mons. Juan Claudio Sanahuja “todas [essas organizações] têm a mesma finalidade: concentrar o poder em poucas mãos abolindo as soberanias nacionais e instrumentalizar as religiões, isto é, colocá-las a serviço de seus próprios ditames[6]”.
Em entrevista à agência Aciprensa, Mons. Sanahuja falou da criação de uma nova religião universal relativista, sem dogmas, que, infiltrando-se nas demais religiões, abriria a caminho para a Nova Ordem:
“...a religião universal ‘também pode ser conhecida como novo código ético universal’... ‘Este código vem marcado pelo desejo dos organismos internacionais da ONU, por exemplo, também de alguns países centrais de mudar as convicções religiosas dos povos, para que seu plano de anticoncepção, de aborto, que eles mesmos chamam de re-engenharia social, seja aceito pelos países menos desenvolvidos’, sublinhou... ‘Pretende-se substituir as verdades imutáveis da lei natural, da religião cristã, ou das que eles chamam de religiões abraâmicas, por valores relativos de modo que tudo o que for afirmado como um valor imutável... para eles é totalitarismo e altera a paz social’.[7]

Para atingir esta meta, é preciso então destruir a cultura própria dos diversos povos Ocidentais, cultura essa formada a partir da raiz judaico-cristã. E como a cultura própria de um povo se transmite pela família, é preciso que esta seja destruída. Uma vez destruída a fronteira civilizacional da família, entramos em uma crise de valores, que irá preparar o advento desta Nova Ordem Mundial.
Assim o afirmou David Rockefeller:
“Estamos à beira de uma transformação global. Tudo o que necessitamos é uma grande crise e as nações não apenas aceitarão a Nova Ordem Mundial, mas pedirão por ela[8]”.

            Por isso, mais que nunca neste centenário das aparições de Fátima, urge ouvir o apelo de Nossa Senhora, como o lembrou S. João Paulo II: “A mensagem de Fátima é um apelo à conversão... Na sua solicitude materna, a Santíssima Virgem veio aqui, a Fátima, pedir aos homens para «não ofenderem mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido». É a dor de mãe que A faz falar; está em jogo a sorte de seus filhos[9]”. Somos assim chamados a fortalecer nossa fé, nossos valores familiares, nossa identidade e cultura cristã.





[1] http://www.fatima.pt/pt/pages/narrativa-das-aparicoes
[2] http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2000/apr-jun/documents/hf_jp-ii_spe_20000513_sodano-fatima.html
[3] Ibd.
[4] “A produção das ideias, das representações e da consciência está, a princípio, direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens; ela é a linguagem da vida real... O mesmo acontece com a produção intelectual tal como se apresenta na linguagem da política, na das leis, da moral, da religião, da metafísica etc. de todo um povo.” – Marx, Engels: Ideologia Alemã, apud:
 http://www.zahar.com.br/sites/default/files/arquivos/trecho_CASTRO_TextosBasicosDeSociologia.pdf
[5] Marx, Engels: Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1844/critica/introducao.htm
[6] Mons. Sanahuja é Jornalista, Doutor em Teologia e estudioso da ONU e da Nova Ordem Mundial. Entrevista disponível em: http://www.religionenlibertad.com/la-masoneria-tiene-un-papel-importante-en-el-club-bilderberger-the-35738.htm
[7] http://www.acidigital.com/noticias/sacerdote-denuncia-o-perigos-da-religiao-universal-proposta-pela-onu-20171/
[8] https://www.passeidireto.com/arquivo/20178866/introducao-a-nova-ordem-mundial---alexandre-costa/29
[9] Homilia na Missa de Beatificação dos Pastorinhos em Fátima, 13.05.2000. Disponível em http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/2000/documents/hf_jp-ii_hom_20000513_beatification-fatima.html

Um comentário:

  1. Infelizmente estamos caminhando para esse precipício. Que Deus nos livre dessa "Nova Ordem Mundial". Atendamos ao pedido de Nossa Senhora: rezemos o rosário todos os dias.

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