sábado, 5 de agosto de 2017

A família e a escola na formação de valores


*Dom Fernando Arêas Rifan

            Em sociologia, estudamos as três principais sociedades: a família, a Igreja e o Estado.
            A Igreja e o Estado são sociedades perfeitas, no sentido de que dispõem em si mesmas dos meios necessários para a consecução dos seus fins: a Igreja, para o bem comum espiritual, e o Estado – sociedade civil -, para o bem comum temporal.
            A família, no entanto, embora seja uma sociedade natural querida e criada por Deus, a primeira de todas, é uma sociedade imperfeita, no sentido de que não dispõe em si mesma de todos os recursos necessários para o bem completo, espiritual e temporal, de seus membros, necessitando para tanto, da Igreja, para o bem espiritual, e do Estado, para o bem temporal.
            Especialmente na área da educação dos filhos, a família necessita da escola, instituição estatal ou particular com o apoio da sociedade civil, que lhe vai ser complementar nessa finalidade primordial.
            Assim nos ensina a Igreja, no seu Código de Direito Canônico:
“Os pais, e os que fazem as suas vezes, têm a obrigação e gozam do direito de educar os filhos; os pais católicos, além disso, têm o dever e o direito de escolher os meios e as instituições com que, segundo as circunstâncias dos lugares, possam providenciar melhor à educação católica dos filhos. Os pais têm ainda o direito de desfrutar dos auxílios que a sociedade civil lhes deve prestar, e são necessários para a educação católica dos filhos” (Cân. 793, § 1 e 2).  “Por uma razão singular, o dever e o direito de educar assiste à Igreja a quem foi confiada por Deus a missão de ajudar os homens para poderem chegar à plenitude da vida cristã. Os pastores de almas têm o dever de tudo dispor para que todos os fiéis desfrutem de educação católica” (Cân. 794, § 1 e 2).
            E a Igreja nos dá a correta definição do que é uma educação completa: “Devendo a verdadeira educação ter por objetivo a formação integral da pessoa humana, orientada para o seu fim último e simultaneamente para o bem comum das sociedades, as crianças e os jovens sejam de tal modo formados que possam desenvolver harmonicamente os seus dotes físicos, morais e intelectuais, adquiram um sentido mais perfeito da responsabilidade e o reto uso da liberdade, e sejam preparados para participar ativamente na vida social” (Cân. 795).
            Deduz-se facilmente do que expusemos acima a necessária parceria entre a família e a escola, para se conseguir uma educação completa.
            Na família se aprendem as primeiras normas de educação: a convivência fraterna, o amor mútuo, a obediência, a disciplina, o respeito, a humildade, a civilidade, as boas maneiras, o bom procedimento, as bases elementares da fé, as primeiras orações, etc.
            A escola vai conservar e completar essa educação familiar, acrescentando, além da fraterna e pacífica convivência social com pessoas de outras famílias e classes diferentes, o ensino das ciências necessárias: línguas, geografia, história, ciências exatas, educação física, ensino religioso, projetos sociais, etc.

            Assim, nessa construtiva parceria, teremos a educação completa que esperamos e desejamos para nossas crianças e jovens, futuro promissor de nossas famílias e de nossa Pátria. 

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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